VOCÊ TEM CIÚMES DA SUA EMPRESA E NÃO ACEITA OPINIÃO DE SEUS FILHOS
Sua visão sobre a sua empresa é assim?
"Minha empresa é um sucesso; todos que trabalham comigo são excelentes funcionários, e tudo que ocorre dentro e fora da empresa é tratado como se fosse em família.

Ou é assim que você vê a sua empresa?
"Trabalho incansavelmente. Todo o dinheiro que recebi da minha rescisão foi investido nesta ideia que não está prosperando. Meus filhos não demonstram interesse e não querem me auxiliar. Ninguém deseja levantar cedo para ordenhar as vacas. Sou apenas eu quem cuida de tudo, da contabilidade às entregas diárias no mercado. Realizo todas as tarefas sozinho, sem ajuda alguma. Mesmo pedindo auxílio, ninguém vem em meu socorro".
Qual é a sua resposta?
Como os filhos atuam na empresa familiar
Seus filhos reagem somente aos estímulos que você oferece. Se você sente ciúmes da sua empresa e acha que está se sacrificando sem reconhecimento, e que ninguém o apoia, como pode esperar que seus filhos o ajudem se você não considera as opiniões deles?
A maioria das pessoas que deseja iniciar um negócio, seja em família ou individualmente, busca principalmente o lucro imediato.
Nos últimos anos, especialmente no Brasil, muitas pessoas têm afirmado que não é necessário estudar para ter um negócio próprio, e que o mais importante é trabalhar incessantemente, desde o nascer até o pôr do sol, acordando antes do amanhecer e indo dormir bem tarde.
Essa crença de que o sucesso empresarial é alcançado apenas com inúmeras horas de trabalho, sem planejamento para lazer, convívio familiar ou descanso, revela uma completa falta de organização e despreparo profissional.
Na realidade, tudo que desejamos na vida exige extenso estudo, pesquisa, planejamento e preparação.
Não é necessário ser um acadêmico com vários diplomas para ter sucesso no seu escritório ou negócio. O essencial é possuir foco e determinação para atingir seus objetivos. Além disso, adquirir conhecimento para cumprir esses objetivos com maior precisão e qualidade certamente resultará em um trabalho superior, seja na prestação de serviços ou na oferta de produtos.
O conhecimento pode ser adquirido de diversas maneiras, seja através de uma pessoa que mora no meio do deserto, ou, através de um doutorado numa das universidades mais conceituados do Planeta.
O que importa, realmente, é saber ouvir e se aprofundar no estudo daquilo que é necessário para dar continuidade a um negócio ou profissão. Dessa maneira, você evitará o ciúme em relação à sua empresa e o apego a antigas crenças sempre associadas às horas de trabalho que ultrapassam o tempo dos trabalhadores em regime de contrato.
Frequentemente ouvimos empresários dizerem que 'não ganham por horas extras e que seus funcionários reclamam sem motivo'. Esses são hábitos negativos que foram cultivados por toda a vida. São crenças herdadas de gerações anteriores que só geram padrões energéticos negativos. Se você mantém esse pensamento, como poderá ser receptivo às opiniões de seus filhos?
Será que todas às vezes que seus filhos tiverem uma opinião diferente da sua a única saída será a demissão?
É necessário demitir parentes quando eles não têm as qualificações específicas para os cargos criados dentro da gestão familiar ou para funções técnicas que requerem capacitação profissional.
Os filhos podem ser demitidos, mas é importante lembrar que eles são os herdeiros naturais. Portanto, aceitar a participação deles na empresa, estimular sua capacitação e valorizar suas opiniões é fundamental não apenas para a administração do negócio familiar, mas também para o setor econômico onde a empresa atua, levando em conta os interesses dos consumidores dos serviços ou produtos oferecidos pela empresa.
O FUNDADOR DA EMPRESA: O CARA MAIS CIÚMENTO
Creio que o fundador de uma empresa possa ter um grande apego por suas ideias e propostas. No entanto, é necessário compreender que, após o registro da empresa, esta se torna uma Pessoa Jurídica, com identidade e personalidade jurídica próprias.
Como uma entidade com identidade e personalidade próprias, é essencial que a empresa busque sempre o melhor para sua subsistência e sustentabilidade, a fim de permanecer ativa no mercado em que atua. Portanto, ter ciúmes da sua empresa e rejeitar as opiniões dos seus filhos é algo impraticável.
A personalidade jurídica de uma empresa atribui à sociedade uma existência distinta dos sócios, constituindo uma entidade jurídica individual e autônoma.
A personalidade jurídica de uma empresa é adquirida com o registro do ato constitutivo no respectivo registro, isto é:
- Na Sociedade Empresária: Registro Público das Empresas Mercantis (Junta Comercial); e,
- Na Sociedade Simples: Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Além disso, a empresa, enquanto Pessoa Jurídica, adquire: um nome próprio (ainda que seja o nome de uma família), patrimônio próprio e domicílio próprio, assumindo obrigações e adquirindo direitos independentes. Ademais, obtém poderes para modificar sua estrutura, tanto no aspecto jurídico quanto no econômico.
Portanto, uma vez registrada, a empresa torna-se uma entidade jurídica independente e deve estar aberta para acolher novas ideias e conteúdos de uma nova geração de empreendedores e empresários, contanto que beneficie a própria empresa.
É neste ponto que se inicia o conflito de interesses entre pais e filhos.
Como observado anteriormente, em todos os países, as micro, pequenas e médias empresas são as principais geradoras de emprego e impulsionadoras da economia local. No entanto, se os gestores dessas empresas não estiverem receptivos às novas ideias propostas por seus herdeiros, há uma maior tendência de que não prosperem além da segunda geração.
Muitos jovens que preferem não trabalhar com os pais se queixam não apenas da falta de comunicação, mas também dos frequentes conflitos que uma gestão familiar desorganizada pode provocar.
Diferenças de opinião são comuns, mas quando ocorrem entre os fundadores de uma empresa familiar, onde não há distinção entre questões empresariais e domésticas, incluindo a mistura de patrimônios, a situação se complica. A entidade jurídica começa a sofrer lentamente devido aos constantes conflitos e desacordos.
A desordem estrutural frequentemente leva a conflitos, e os filhos são frequentemente desestimulados a se juntar à empresa familiar.
Imagine agora essa complexidade, que já é um desafio para um jovem em uma empresa familiar urbana, sendo enfrentada por um jovem em uma empresa familiar rural. Nesse cenário, há ainda mais obstáculos institucionalizados pela ausência de políticas públicas, que deixam o campo à mercê da sorte e preservam barreiras geográficas agravadas pelo isolamento das propriedades rurais em relação aos centros urbanos.
Para manter o jovem no meio rural e engajado em uma empresa familiar, é essencial oferecer oportunidades de emprego atrativas, capacitação profissional e acesso à tecnologia, além de garantir condições de vida que sejam comparáveis às das áreas urbanas.
A valorização do trabalho no campo e a modernização das práticas agrícolas também são fundamentais para incentivar a permanência dos jovens na agricultura familiar. Manter os jovens no campo é essencial para dar continuidade na agricultura familiar.
Recomendo a leitura:
JUVENTUDE RURAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
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