GOVERNANÇA FAMILIAR

O COMPORTAMENTO DA FAMÍLIA NA DIREÇÃO DA EMPRESA

Governança Familiar  é o sistema pela qual a família empresária  se relaciona com seus negócios e seu legado. 

Esse é o momento em que a família deverá separar os assuntos familiares dos assuntos da empresa. 

Os membros de uma família são ao mesmo tempo proprietários e herdeiros de uma empresa, porém, não precisam ser necessariamente, os gestores da empresa, podendo delegar a gestão para terceiros que a administrem ou que tragam investimentos para a expansão dos negócios. 

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Embora, outras pessoas possam participar das empresas familiares como gestores, todos os assuntos pertinentes a exploração do negócio, formas de administração, distribuição do produto, comercialização, continuam a tratados por todos membros da família, podendo ser direta ou indiretamente, dessa forma a governança familiar não é igual a Governança Corporativa que acontece em outros tipos de empresa.

A GOVERNANÇA FAMILIAR DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO DE OUTROS PAÍSES

Em Portugal, algumas empresas familiares já são tradicionais por ultrapassarem o aspecto temporal das gerações sucessórias. 

Muitas empresas já não estão mais pertencendo apenas ao núcleo familiar quanto a sua governança. Os sócios familiares já venderam sua parte ou já abriram a gestão para terceiros qualificados para gerir os negócios da família.

Alguns especialistas na área empresarial, dividem a Governança Familiar em três composições básicas para garantir a saúde do negócio e das relações familiares, assim vejamos:

- A realização de assembleias anuais – todos os membros familiares que atuam na empresa se beneficiam desses encontros, pois neles são apresentados os balanços e demonstrativos da situação em que se encontra o negócio;

- Reuniões do Conselho Familiar – o intuito dessas reuniões passa ser o de promover a participação dos membros da família no planejamento e na criação de políticas a serem implementadas na empresa. O objetivo é fortalecer a comunicação e o vínculo entre a família e a empresa;

- E elaboração de uma Constituição – o documento traz as políticas da família e os valores que devem orientar as ações dos integrantes como o negócio. Seu formato pode variar conforme a composição da empresa: ele pode ser curto, extenso, simples ou detalhado, mas deve ser elaborado com o comum acordo de todos os familiares envolvidos.

Essa composição tripartite pode ser utilizada pelos membros gestores da empresa para manter e promover o bem-estar e a saúde de atividades econômicas da empresa e de familiares, bem como, monitorar a participação de terceiros nas atividades financeiras e de gestão da empresa, principalmente, na questão sucessória que preocupa muitos empreendedores da primeira geração tanto no Brasil como em outros países, principalmente, em empresas que já existem há mais de 50 anos.

Na Alemanha, as empresas familiares tradicionais são de capital fechado, na maioria são empresas fundadas, principalmente, na década de 1950.

Entre 2003 e 2006, esse tipo de empresa, gerou mais empregos do que os demais tipos de empresas dentro do território alemão, mantendo um papel essencial no mercado de trabalho interno

As empresas familiares alemãs são mais conhecidas pelo termo Mittlestand, estimasse que haja no mercado mundial em torno de três milhões de pequenas e médias empresas do Mittelstand que se refere a empresas de todos os setores econômicos, incluindo as de artesãos e profissionais liberais. Essas empresas tem em média 100 funcionários e estão sediadas em cidades menos povoadas dominando 500 tipos de nichos mundiais em produtos avançados de alta qualidade.

O termo Mittelstand, também é usado na Áustria, Suíça e Grã-Bretanha, onde também podemos encontrar outra denominação para empresas do tipo familiar, ou seja: Brittelstand.

As principais características das empresas familiares que atuam na Alemanha, sob a denominação de Mittelstand, são:

- Ser propriedade familiar ou de cultura corporativa familiar;

- Continuidade geracional;

- Foco de longo prazo;

- Independência;

- Agilidade;

- Apego emocional;

- Investimento na força de trabalho;

- Flexibilidade;

- Hierarquias enxutas;

- Inovação;

- Foco no cliente;

- Responsabilidade social;

- Fortes laços regionais.

Assista o vídeo a seguir e entenda melhor esse modelo de empresa que parece dar certo, apenas na Alemanha.

A Alemanha, atualmente, possui uma das economias mais fortes de toda a Europa, com uma média de PIB – Produto Interno Bruto em torno dos 3 trilhões de Euros.

A estabilidade política, o incentivo ao comércio e as indústrias, bem como o fortalecimento do sistema financeiro, têm sido fundamentais para a resiliência da economia alemã.

O forte compromisso do governo alemão com a proposta de um livre comércio e liberdade de concorrência tem colaborado muito para garantir que as Mittelstand preservem suas características e continuem gerando renda e oportunidades de emprego.

O país conta com um banco central independente, que é responsável por manter a estabilidade da moeda e dos sistema financeiro. A Alemanha também tem uma forte regulamentação bancária, que ajuda a proteger os depositantes e os investidores.

A estabilidade política, o incentivo ao comércio e às indústrias, bem como o fortalecimento do sistema financeiro, têm sido fundamentais para a resiliência da economia alemã. O país tem sido um dos países mais resilientes à crise econômica global de 2008 e à pandemia de COVID-19. 

A guerra na Ucrânia tem impactado fortemente a economia alemã principalmente, incidindo sobre os preços dos alimentos, e em setores como a energia e os combustíveis. Entretanto, o país continua a buscar soluções para manter sua posição econômica de destaque na Europa.

INVESTIR NO MITTELSTAND

Depois de 2022, o governo alemão continua a investir massivamente no Mittelstand através de uma série de medidas, incluindo:

• Incentivos fiscais: O governo alemão oferece incentivos fiscais às empresas do Mittelstand que investem em inovação, investigação e desenvolvimento;
• Financiamento: O governo alemão oferece financiamento às empresas do Mittelstand através de bancos públicos e privados;
• Formação: O governo alemão oferece formação às empresas do Mittelstand para ajudá-las a melhorar a sua competitividade.

Algumas das medidas específicas que o governo alemão implementou depois de 2022 incluem:

• O programa 'Mittelstand' 5.0: Este programa visa apoiar as empresas do Mitteltand na sua transformação difital. O programa oferece incentivos fiscais, financiamento e formação às empresas que investem em tecnologias digitais;
• O programa 'Mittelstand Innovatiy'. Este programa visa apoiar as empresas do Mittelstand na sua investigação e desenvolvimento. O programa oferece financiamento e formação às empresas que investem em projetos de inovação.
• O programa 'Mittelstan Intenational'. Este programa oferece financiamento e formação às empresas que querem expandir as suas operações para o estrangeiro.

O governo alemão acredita que estas medidas irão ajudar as empresas do Mittelstand a continuar a crescer e a prosperar, contribuindo para o crescimento econômico do país.

GOVERNANÇA FAMILIAR NOS PAÍSES DO ORIENTE MÉDIO

A governança familiar é um tema relevante em vários países do Oriente Médio, pois muitas empresas são controlados e administradas por membros de uma família.

Aqui estão algumas características da governança familiar nas empresas do Oriente Médio:

1. Importância da Família. Empresas familiares na região muitas das vezes dão grande ênfase à tradição, continuidade e preservação dos valores familiares. A sucessão é um tema crítico, e a transição de liderança de uma geração para outra é cuidadosamente gerenciada;
2. Sucessão e Continuidade. A sucessão nas empresa familiares do Oriente Médio é frequentemente planejada com antecedência. Muitas empresas têm políticas formais de sucessão para garantir uma transição suave de liderança e minimizar conflitos familiares. A seleção do sucessor pode leva em consideração habilidades, educação e experiências, além de laços familiares;
3. Papel das Mulheres na Governança. Em alguns países do Oriente Médio, há uma mudança gradual nas tradições em relação ao papel das mulheres nos negócios familiares. Muitas empresas estão começando a reconhecer e a valorizar a contribuição das mulheres, permitindo que assuma papéis mais ativos na governança e administração das empresas.
4. Profissionalização. Algumas empresas familiares na região estão optando por profissionalizar a gestão, trazendo executivos externos para posições-chaves. Isso visa equilibrar a experiência e a expertise profissional com o conhecimento e os valores familiares. A mistura de talentos internos e externos pode fortalecer a governança e a sustentabilidade dos negócios.
5. Transparência e Prestação de Contas. Empresas familiares no oriente Médio têm reconhecido a importância e prestação de contas, especialmente, à medida que buscam acessar mercados internacionais e atrair investidores. Algumas empresas estão adotando práticas de governança corporativas mais robustas para a tender a padrões internacionais.
6. Desafios Culturais e Legais. A região enfrenta desafios culturais e legais únicos relacionados à governança familiar. Algumas famílias enfrentam dilemas sobre como equilibrar as tradições culturais com as práticas modernos de governança corporativa. Além disso, as leis locais e os sistemas judiciais podem influenciar a estrutura e o funcionamento das empresas familiares.

A governança familiar no Oriente Médio é uma prática comum há séculos

O PAPEL DO TERCEIRO SETOR NA GESTÃO DAS EMPRESAS FAMILIARES

Na Europa existem várias ONGs que trabalham para proteger a governança familiar. Essas organizações oferecem uma variedade de serviços às empresas familiares, incluindo:

• Formação e aconselhamento: As ONGs podem ajudar as empresas familiares a desenvolver boas práticas de governança, a resolver conflitos familiares e a preparar para a sucessão familiar da empresa;
• Networking: As ONGs podem conectar as empresas familiares com outras empresas familiares e com especialistas em governanças familiar;
• Promoção da governança familiar: As ONGs podem trabalhar para aumentar a conscientização sobre a importância da governança familiar entre os empresários e a sociedade em geral.

Algumas das principais ONGs na Europa que trabalham para proteger a governança familiar incluem:

• European Family Business Network (EFBN): a EFBN é uma rede pan-europeia de empresas familiares. A EFBN oferece uma variedade de serviços às empresas familiares, incluindo a formação, aconselhamento e networking;
• European Confederation of Family Businesses (ETCB) A EFCB é uma confederação pan-europeia de associações de empresas familiares. A EDCB representa os interesses das empresas familiares perante as instituições europeias;
• Family Business United (FBU): A FBU é uma rede europeia de empresas familiares que se comprometem a promover a sustentabilidade e a responsabilidade social das empresas familiares;
• Family Firm Institute (FFI): O FFI é uma organização internacional de profissionais que trabalham com empresas familiares. O FFI oferece uma variedade de recursos e serviços às empresas familiares, incluindo formação, aconselhamento e networking.

Além destas organizações, existem também várias ONGs nacionais que trabalham para proteger a governança familiar. Por exemplo, na Alemanha, a 'Gesellschaft für Unternehmensnachfolge und Familienunternehmen' (GFUF) oferece formação e aconselhamento às empresas familiares. 

Na França, a 'Fondation pour l'Entreprise Familiale' (FEF) promove a governança familiar e a responsabilidade social da empresas familiares.

As ONGs desempenham um papel importante na proteção da governança familiar. Estas organizações oferecem às empresas familiares os recursos e o apoio de que precisam para prosperar a longo prazo.

Em Portugal, para auxiliar as empresas familiares, existe a Associação Portuguesa das Empresas Familiares (APEF) que é uma associação privada e sem fins lucrativos, que representa as empresas familiares portuguesas.

Fundada em 1998, a APEF tem como missão promover e defender os interesses das empresas familiares, contribuindo para o seu sucesso e para o desenvolvimento da economia portuguesa.

A APEF tem cerca de 200 associados, que representam um universo de cerca de 10.000 empresas familiares portuguesas. Os associados da APEF são presidentes, administradores, acionistas ou dirigentes de empresas familiares, de todos os setores de atividade e de todas as dimensões.

A APEF desenvolve uma série de atividades para promover e defender os interesses das empresas familiares , nomeadamente:

• Representação: A APEF representa as empresas familiares junto das entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais.

• Formação e informação: A APEF organiza cursos, workshops e seminários sobre temas relacionados com a governança familiar, a sucessão, a gestão e o desenvolvimento das empresas familiares.

• Networking: A APEF promove o networking entre os associados, através de eventos e atividades de partilha de conhecimento.

A APEF é uma organização importante para as empresas familiares portuguesas. A APEF fornece apoio e informação às empresas familiares, ajudando-as a superar os desafios específicos que enfrentam e a alcançar o sucesso a longo prazo.

• Promover a competitividade das empresas familiares portuguesas;

• Apoiar as empresas familiares na gestão e sucessão;

• Contribuir para o desenvolvimento da economia portuguesa.

A APEF acredita que as empresas familiares são um elemento fundamental para a economia portuguesa. As empresas familiares são responsáveis por um grande número de empregos e contribuem para o crescimento econômico do país. A APEF está comprometida em apoiar as empresas familiares portuguesas para que possam continuar a crescer e a prosperar.

ONGs NO BRASIL

As organizações brasileiras que podemos destacar aqui são:

• Instituto Brasileiro de Governança Familiar (IBGF): O IBGF é uma organização sem fins lucrativos que promove a governança familiar no Brasil. Atua na capacitação de famílias, empresas familiares e profissionais da área, além de desenvolver pesquisas e projetos sobre governança familiar;
• Fundação Dom Cabral (FDC): A FDC é uma instituição de ensino e pesquisa que oferece cursos, programas e serviços para o desenvolvimento de líderes e organizações. A FDC também tem um programa de governança familiar que oferece cursos, workshops e consultoria para famílias empresárias;
• Associação Brasileira de Governança Corporativa (Abracorp) é uma associação sem fins lucrativos que promove a governança corporativa no Brasil. A Abracorp também tem um comitê de governança familiar que promove a governança familiar nas empresas brasileiras;
• Associação Brasileira de Empresas Familiares (ABEF): A ABEF é uma associação sem fins lucrativos que representa as empresas familiares brasileiras. A ABEF também tem u comitê de governança familiar que promove a governança familiar nas empresas familiares brasileiras.

Além dessas ONGs, existem também várias empresas e profissionais que oferecem serviços de consultoria e assessoria em governança familiar.

A governança familiar é um conjunto de práticas e processos que visam a garantir a boa gestão das empresas familiares. A governança familiar é importante para proteger os interesses de todos os membros da família, bem como para garantir a longevidade da empresa.

As ONGs e empresas que trabalham com governança familiar desempenham um papel importante na promoção da governança familiar no Brasil. Essas organizações oferecem capacitação, consultoria e assessoria para famílias empresárias, ajudando-as a implementar práticas de governança familiar eficazes.

CEM ANOS DE HISTÓRIA NUMA EMPRESA DE ADMINISTRAÇÃO FAMILIAR

"Foi quando Emil Quant fundou, em 1993, uma tecelagem em Pritzwalk, cidadezinha em Brandeburgo, não muito longe de Berlim. Esse é o início da história da BMW, uma empresa familiar alemã que conhecemos controlada por uma única família a onde dois ou mais membros da família influenciam na direção do negócio através de funções de gerenciamento ou governança, direitos de propriedade ou relações familiares."

Esse é um exemplo clássico de uma empresa do tipo Administração Familiar, a onde as funções de gestão são ocupadas por membros familiares capacitados para a governança da empresa.

“As famílias precisam aumentar seus ativos financeiros, desenvolver os seus talentos e manter o grupo unido para ficar à frente dos desafios da empresa, do patrimônio familiar e da própria família”. Segundo John Davis, professor dos Programas para famílias empresárias  no MIT Sloan."

Para superar esses desafios, é importante que as famílias concentrem seus esforços em três áreas:

1. Ativos Financeiros. As famílias empresárias precisam aumentar seus ativos financeiros para garantir o futuro da empresa e da família. Isso pode ser feito por meio de crescimento orgânico, expansão internacional, diversificação ou investimentos;
2. Talentos. As famílias empresárias precisam desenvolver os talentos de seus membros para garantir a continuidade da empresa. Isso pode ser feito por meio de educação, treinamento e desenvolvimento profissional;
3. União. As famílias empresárias precisam manter o grupo unido para evitar conflitos e garantir a harmonia familiar. Isso pode ser feito por meio de comunicação aberta, resolução de conflitos e construção de consenso.

A governança familiar é um conjunto de práticas e processos que visam a garantir a boa gestão das empresas familiares. A governança familiar eficaz pode ajudar as famílias empresárias a superar os desafios que enfrentam e a garantir a longevidade da empresa e da família.

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