Primeiramente, vamos entender o que é Pro Labore e, depois,
entender a diferença que existe entre essa palavrinha e a palavra Salário.
“Pró-labore é uma locução em língua latina que significa “pelo trabalho”. O aportuguesamento “pró-labore” é a remuneração do trabalho realizado por sócio, gerente ou profissional. No Brasil, o pró-labore deve recolher 11% para o INSS no Simples Nacional e 31% no lucro presumido”.
Pró-labore, portanto, é a remuneração do trabalho prestado
pelo dono ou sócio de uma empresa. Ele não tem o mesmo significado conceitual
do que venha a ser o salário ou vencimentos de um empregado, pois, o sócio ou
dono não são contratados pelo regime da Consolidação das Leis Trabalhistas –
CLT, e, tão pouco é um profissional liberal ou autônomo, mas, como exercente de
uma função laborativa dentro da própria empresa, seu serviço é realizado como se
fosse um empregado ou contratado para aquela determinada função.
Na realidade o pró-labore deve ser tratado como despesa
administrativa a ser retirada dos quadros financeiros da empresa para custear
as despesas dos sócios ou donos da empresa.
Não existe uma norma jurídica que fixe o valor monetário do Pró-labore
para cada tipo de empresa, mas deverá ser fixado dentro do princípio da
razoabilidade para custear a vida de quem o recebe.
Sabe, quando estamos numa empresa familiar, fica sempre mais
difícil falar para o pai – Meu pagamento sai quando? – Fica sempre mais difícil
para o filho (sócio) cobrar o pai pelo pró-labore atrasado, ou faltando alguns
centavos. Realmente, não é justo, você manter um filho trabalhando sem ter uma
remuneração adequada. Às vezes, você como dono da empresa, até pode achar que seu
filho vai herdar a empresa, ou pensa que pagar as contas do filho está agindo
corretamente, mas na verdade não está. Quando o seu filho, como funcionário da
empresa, recebe o pró-labore, ele mesmo pode resolver o que fazer com aquele
dinheiro. Com certeza seu filho saberá administrar esse capital que poderá ser
investido na empresa por seu um patrimônio familiar. Até mesmo a sua esposa,
que trabalha junto com você, embora o regime de bens conjugais possa delimitar
o patrimônio de ambos, a independência financeira do cônjuge também fortalece o
convívio doméstico e da empresa. Então, é essencial, que cada membro da família
tenha sua independência financeira recebendo pelo trabalho realizado. Cabe aos
fundadores, compreender a necessidade de ser mais flexível e se adequar as
novas tendências instituídas pela revolução dos meios de produção, de mercado,
econômicos, culturais, sociais e legislativos que envolvem a administração de
uma empresa para que a mesma possa perpetuar no tempo.
Então, vamos ao que realmente interessa, como ajustar o pró-labore
para cada filho de forma que você entenda que não irá prejudicar as finanças da
empresa, ok?
Primeiro, temos que entender que cada sócio deve receber seu pró-labore
de acordo com a sua função ou cargo que exerça. O que não pode ser feito é
fixar o pró-labore de acordo com a predileção entre pais e filhos – fato que
existe em algumas famílias empreendedoras.
O fundador da empresa, ou melhor, a governança da empresa – os
membros diretores – já criaram um organograma de cargos e atribuíram as funções
para cada membro da empresa, agora poderão pensar em remunerar a prestação de
serviço de cada membro de acordo com sua qualificação profissional e prestação
de serviço para a empresa.
Não confunda o pró-labore recebido com o valor ou quantidade
de ações da empresa.
Pró-labore é o pagamento do tempo gasto para realizar um
serviço para a empresa. Se você tivesse que contratar um profissional para
determinado serviço, não sendo membro da família, teria que pagar o valor da hora
trabalhada para esse contratado certo? A mesma coisa acontece para o familiar
que exercer uma função ou cargo dentro da empresa.
Organizar é a palavra mais importante para toda a estrutura empresarial,
e não seria diferente quando tem que pagar o pró-labore para os membros da
empresa familiar.
A primeira regra a ser implantada e ser rigorosamente seguida
será a de separar as contas pessoais das contas da empresa, assim, a gestão
financeira da empresa será eficiente e você terá total controle dos ganhos e
gastos da empresa.
O cálculo do pró-labore deve ser técnico, transparente e sem
movimentação antes ou depois do dia agendado para o pagamento. Nada correto,
ficar abrindo a gaveta do caixa, todas as vezes que precisar recarregar os
créditos do telefone celular, para comprar maquiagem, para pagar o corte de
cabelo, comprar roupas, pagar gasolina, gás, passagem de avião, hospedagem em
hotéis, etc., etc., etc. Os gastos pessoais devem ser pagos pelo pró-labore
Pode ocorrer de se acrescentar ao pró-labore uma bonificação
de acordo com os resultados financeiros da empresa, uma forma de estimular a
participação dos sócios no controle administrativos, de vendas e produção da
empresa. Se o negócio for bem, em determinado período, ganha-se um pouco mais
que o fixado para o pró-labore. Sempre será uma maneira de retribuir os
esforços que seus filhos, e demais familiares realizaram pela empresa durante o
mês.
Dá para perceber que o pró-labore está relacionado ao tempo
gasto e o serviço prestado pelo dono ou sócios da empresa, e, não quanto a
pessoa. Um exemplo básico: o dono da empresa não deve ter a fixação do maior pró-labore,
ou seus filhos devem receber bem mais que um primo de 2º grau. Não é nada
disso.
Faça a seguinte pergunta: quanto que custará à empresa contratar
um outro profissional para fazer aquilo que eu faço?
Será que, você não está subestimando a competência
profissional de outras pessoas e valorizando o seu trabalho além do preço de
mercado?
Será que é por isso que sua empresa acaba obtendo menos lucro
todos os meses, justamente, por estar patrocinando as suas dívidas?
Você mistura todas as suas contas pessoais e empresariais?
E, seus filhos que trabalharam duro nos últimos dias acabam
desestimulados em continuar trabalhando na empresa da família por não serem
valorizados?
Definir ou estipular o valor do pró-labore está diretamente relacionado
ao faturamento de sua empresa. Então, determine o seu pró-labore juntamente com
as despesas fixas da empresa. Em regra, como renda fixa da empresa, o seu pró-labore
terá certas incidências tributárias que deverão ser formalmente pagas, e se
você fixar uma renda muito alta, certamente, pagará uma vultuosa soma em
impostos.
Lembrando mais uma vez, que o pró-labore deve ser pago a quem
exercer uma função não empresa, porque é a remuneração pelo esforço empreendido
pelo familiar que exerceu um cargo, trabalhou de fato na empresa. Jamais, pague
um pró-labore para quem não trabalhar ou sequer deu as caras na empresa no
último ano, além de estar jogando fora o dinheiro da empresa, estará também desestimulando
os parentes que trabalhando com afinco para o crescimento da empresa.
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