A vida urbana requer várias adaptações
conforme a evolução da sociedade.
Lembro bem de quando mudei da cidade
onde vivia desde que nasci para residir noutra cidade também no Estado de São
Paulo. Morávamos próximo ao centro urbano, e, de repente fomos morar na zona rural de outra cidade, um lugar ermo que depois de 36 anos, continua exatamente igual.
Minha cidade natal – não era lá
muito grande em 1985, mas nosso bairro começava a ser urbanizado, embora com
ruas de terra, tínhamos escola, comércio, academia, e outros equipamentos
urbanos.
Em contrapartida, o Município para qual mudei, posteriormente, era bem
maior, fundado em 1611.
Mas, porque estou trazendo este
assunto aqui?
Apenas para retratar o processo
de urbanização de uma cidade que a princípio, e neste simples entendimento pessoal
, deveria ser considerada como cidade de patrimônio histórico devido a sua
origem ser da época de um Brasil colonial, rota de passagem das grandes
expedições dos povos Bandeirantes, mas, que, por faltam de políticas públicas
adequadas para manter e preservar esse patrimônio histórico, artístico e cultural,
deixou que a especulação comercial inibisse e demolisse vários prédios antigos.
Lembro que, no início, achava
muito interessante o comportamento dos moradores da cidade, pois estávamos em pleno
século XX, década de 1980, e, era muito comum a gente dividir o espaço das ruas
estreitas do centro urbano com carroças puxadas por cavalos, bicicletas e
carros junto com pedestres. Todos disputavam o espaço das ruas, porque as
calçadas são pequenas e cheias de postes de transmissão de energia elétrica, um
emaranhado de fios, que em certa época dividia o espaço aéreo com toldos e
placas de anúncios, até que um prefeito se dispôs a criar um programa urbanístico
para retirar as placas e os toldos. Ficou bem melhor, porém, também
tirou os estandartes que produziam sombras nas ruas já que não existem árvores
o que gerou outro desconforto urbano: aumento de temperatura. Realmente, era
uma realidade muito diversificada daquela que estava acostuma em minha cidade
natal – não que lá seja um paraíso, longe disso.
Após pouco mais de 30 anos, as
carroças e cavalos pararam de disputar as pequenas vias centrais, porém, os
postes de transmissão de energia elétrica continuam a ocupar a metade das pequenas
calçadas. O centro urbano se adaptou à nova realidade do comercial, porém, sem
qualquer tipo de projeto de urbanização. A mobilidade urbana é deficitária. Não
existem uma adequação das calçadas para atender a uma pessoa com mobilidade
reduzida. As lojas não possuem piso tátil, ainda existem degraus nos desníveis
dos acessos ao interior das lojas. Vários estabelecimentos comerciais são
pequenos e inadequados para receber os clientes portadores de alguma deficiência
física.
Existem inúmeros problemas que
precisariam de políticas públicas mais eficientes, mas parece que, quanto mais
o tempo passa, menos interesse existe em recriar esse espaço de forma a atender
as novas necessidades da população.
A situação não deixa de ser menos
grave em questão da falta de política pública para a organização do espaço urbano quando nos reportamos aos bairros periféricos que, crescem de forma
totalmente desorganizada.
Encontramos lugares, no
Município, a onde a agricultura se mistura com atividades urbanas, faltando
equipamentos que atendam, tanto a população rural, quanto os agrupamentos
urbanos inseridos em áreas rurais. É um completo descaso social e total falta
de planejamento e até mesmo de interesse público e político.
Em detrimento do planejamento
urbano fica fácil para uma pessoa exercer uma atividade econômica de forma irregular
dentro do espaço “urbano”, pois se: o próprio espaço físico da cidade não é
regularizado como o cidadão irá conseguir legalizar o seu próprio empreendimento?
A Lei n. 10.257/2001, surge para
condicionar e limitar o direito de propriedade urbana para facilitar as
relações econômicas, sociais, culturais e políticas com o objetivo de construir
uma ordem territorial para a ocupação dos espaços urbanos.
E é aí que, o cidadão poderá
perceber que quanto menos políticas públicas tivermos para solucionar os
problemas coletivos mais interferências teremos em nosso direito privado.
Josiane de Abreu Ribeiro
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