QUANDO A CRIATIVIDADE VIRA SOBREVIVÊNCIA
"O artesão é aquele cuja mente cria, cujas as mãos executam e cujo coração dá identidade a sua obra".
Patrícia Santos de Souza Carmo*
  
Basta uma viagem pelos livros de história para perceber que, em todas as civilizações antigas o artesanato sempre foi visto como uma atividade econômica importante.
Muitas pessoas ganharam dinheiro, criaram empregos e fizeram do trabalho manual uma fonte de renda.
  
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O ARTESANATO ENTRE OS POVOS: DA ANTIGUIDADE ATÉ NOSSOS DIAS
Egito Antigo
  
Essa atividade envolvia tanto homens quanto mulheres, que eram reconhecidos como profissionais qualificados. Os artesãos se reuniam em entidades corporativas ou trabalhavam em suas famílias garantindo a formalidade e o reconhecimento de suas habilidades. 🔗
No Egito, as mulheres ocupavam principalmente o setor têxtil, criando tecidos finos e roupas, enquanto os homens atuavam em outras áreas do artesanato. Ambas as funções eram essenciais para a economia e a cultura daquele tempo.
  
Grécia Antiga e Roma
  
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Em Roma, armadores, ferreiros, vidreiros e encadernadores formavam a 'collegia fabrorum' - associações profissionais masculinas que regulavam preços, qualidade e instrução.
  
Mesopotâmia (Suméria, Babilônia)
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| Estatuetas Vênus de Dolní Věstonic e Vênus de Willendorf | 
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| Vasos Canópicos - guardavam os órgãos do mortos | 
Império Inca e Asteca
  
Idade Média europeia
Guildas de carpinteiros, ferreiros, curtidores e ourives admitiam apenas homens; filhas podiam herdar oficinas viúvas, mas eram exceção. Já bordadeiras e rendilheiras formavam guildas femininas separadas, sem que isso contaminasse a imagem dos demais ofícios.
  
Também nas civilizações asiáticas e africanas o artesanato nuca foi rotulado como 'trabalho feminino'; era, antes, uma atividade corporativa, sagrada ou de prestígio, exercida majoritariamente por homens ou por oficinas mistas sob estruturas político-religiosas.
  
Vamos ver alguns exemplos que achei:
  
Ásia
China Imperial (Shang, Shou, Tang, Song)
  
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| Cerâmica da Dinastia Shang | 
  
A porcelana de Jingdezhen era produzida em fornos reais comandados por mestres masculinos, mulheres atuavam na pintura detalhada, mas sem que isso definisse o ofício como feminino.
Japão (Período Heian a Edo)
Ferreiros samurai (Katana), ceramistas (Raku, Bizen) e ourives eram homens e gozavam de status de artista-samurai. 🔗
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| Os sashimono eram utensílios domésticos indispensáveis para a vida dos
            guerreiros e mercadores samurais | 
As mulheres ficavam restritas ao bordado kimono ou cerimônia do chá, mas esse nichos nunca suplantaram a imagem masculina do artesão-mestre.
  
Índia (Império Mogol e reinos Dravidianos)
  
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| Artesanato indiano | 
Império Khmer (Camboja)
Na África
Reino Benin (Nigéria)
Bronzista oficiais (homens) fundiam as placas do rei, pertenciam à guilda real e assinavam obras.🔗
Mulheres não participavam da fundição, mas podem ser comerciantes dos metais acabados.
  
Asante (Gana)
Tecelos de Kente (homens) eram oficiais da corte, cada padrão carregava simbologia real.
  
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| Artesanato de Gana | 
Kuba (R.D.Congo)
Escultores de retratos reais, metalurgicos e tecelões eram homens, os tronos dos reis eram assinados pelo mestre.🔗
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| Artesanato de Congo | 
  
Mulheres Kuba produziam cestaria ritual, mas o status principal ia para os artesãos masculinos.
  
Fon (Benin atual)
Ferreiros e escultores de Gu (deus do ferro) eram homens, criavam armas, estandartes e esculturas protetoras para o palácio real.
  
Nupe e Hausa (Nigéria)
Homens dominavam a tecelagem, bordado, couro e metais, produziam selas, armas e portas esculpidas para emires e sultões.
  
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| Artesanato nigeriano | 



 
     
     
     
     
     
     
     
    
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