MONTANDO O MEU PRÓPRIO NEGÓCIO

 Através das Redes Sociais e do Direito Virtual

QUEM NÃO É VISTO NÃO APARECE.

Iniciei minha empresa e está tudo preparado para darmos início às operações. No entanto, é essencial ser reconhecido e me estabelecer no mercado para os consumidores do produto que irei oferecer.

Sempre ouvi dizer que "quem não é visto, não é lembrado". Portanto, para vender bem, é essencial ter um marketing eficaz que promova meu produto. Além disso, o caminho mais eficiente para atrair clientes é desenvolver uma estratégia cuidadosamente planejada que supere a concorrência e satisfaça os clientes, visando aumentar as vendas de forma contínua, correto?

Certo.

“Só que eu não tenho grana para contratar um bom profissional e nem muito tempo para elaborar uma boa estratégia para divulgar o meu produto, aí tive a ideia de divulgar pela internet através das redes sociais e fiz a minha própria propaganda. Estou enviando a postagem a todos os meus amigos e aos poucos vou aprendendo como postar fotos, também tenho recebido dicas dos meus filhos e outras pessoas que entendem um pouco de internet e postagem. Já sei colocar uma hashtag, aquele joguinho da velha para ver se aumento o alcance da minha empresa entre possíveis clientes. Também já sei marcar as pessoas, estou devagar ainda, mas, acho que está valendo à pena, acho né? Ainda ninguém encomendou nada pelas redes. Mas, estou indo. ”

De fato, as redes sociais tornaram-se as vitrines modernas para produtos e serviços disponíveis no mercado, criando uma conexão global que permite às pessoas visualizarem o que está sendo vendido de qualquer parte do mundo.

No entanto, o elemento que sempre atrairá a atenção em uma propaganda virtual é o produto.

Portanto, é essencial dedicarmos atenção verdadeira ao que produzimos e desejamos comercializar na internet, seja uma ideia, um produto ou um serviço, o objetivo é realizar com qualidade e buscar a melhoria contínua.

Vender um produto ou serviço é o objetivo principal, mas para que isso ocorra de maneira consistente e bem-sucedida, outras atividades precisam estar bem estruturadas e organizadas, como um bom atendimento ao cliente, aos fornecedores e à equipe de trabalho.

Lembre-se! Ter o melhor produto da cidade não é suficiente se o marketing for ineficaz e o humor para interagir com as pessoas ao redor do seu negócio for ruim. É importante compreender que o produto não se vende por si só.

É comum ouvirmos que alguém cruzou a cidade para desfrutar de um almoço em um restaurante rústico. Movido pela curiosidade, você decide visitar o local para conferir se a comida vale a pena. E então? Para sua surpresa, você percorre quilômetros por uma estrada de terra esburacada até chegar a uma propriedade rural, onde é recebido em uma casa com varandas. As refeições são servidas em mesas de madeira com bancos grandes e envernizados. A comida, de fato, segue a tradição caipira, mas e o serviço?

Nossa! Aquele sotaque do interior, com uma voz suave e serena do proprietário que conversa com você e seus amigos por horas a fio, faz com que você sinta que o tempo parou e até os pernilongos parecem ter esquecido de te atormentar.

Então, após saborear o último café preto coado no pano, você retorna pela estrada esburacada já pensando em voltar no próximo fim de semana com seus pais e com o desejo de adquirir um pequeno sítio para estabelecer uma pousada e escapar da correria da metrópole.

Você está brincando? Já viveu algo assim? E certamente já se pegou contando para um colega de trabalho que aquele final de semana, com aquela galinhada caipira, foi um dos melhores de todos os tempos, não é?

Desenvolver sua estratégia de vendas significa saber comercializar seu produto ou serviço de maneira atraente, transmitindo confiança, segurança, estética e a garantia de um produto que satisfaça e atenda às necessidades do cliente da maneira que ele deseja.

O foco deste estudo não é ensinar técnicas de vendas ou aquisição de clientes, mas sim como utilizar as redes sociais de acordo com o Direito Virtual e a legislação aplicável às relações entre clientes e empresários.

ENTÃO? MONTEI MEU NEGÓCIO. ESTÁ TUDO CERTO. TENHO QUE SER VISTO, MAS... NÃO TENHO DINHEIRO PARA PAGAR UM BOM PROFISSIONAL DE MARKETING.

É neste momento que utilizamos nosso confiável celular para começar a divulgar a imagem do nosso negócio nas redes sociais.

A primeira ação que muitas pessoas consideram é buscar na internet uma foto daquele produto que representa perfeitamente o seu próprio produto.

Mas não é o "meu" produto.

Foto: Angeluci Figueiredo

Já refletiu sobre isso? Que você não tirou aquela foto. Não contratou o profissional que criou aquela imagem perfeita, com a luz ideal, o ângulo exato, o brilho, a tonalidade e todo o jargão técnico de um fotógrafo?

A concepção dessa imagem, que foi retirada de uma página da internet, pertence ao criador da foto, que a produziu segundo os desejos de seu cliente. Todo o conteúdo publicitário presente naquela imagem serve a um propósito diferente, que não corresponde ao seu próprio propósito ou desejo.

Portanto, a imagem que você copiou e colou em sua publicação pertence a alguém cujo nome você nem sequer leu na postagem original. Além disso, o produto mencionado também pertence a outra pessoa.

Já viu aquelas fotos de pizza em folhetos de pizzaria que fazem sua boca encher de água? Eu amo pizza bem recheada de queijo, então fico com água na boca ao ver uma imagem de pizza com queijo derretido. Mas a decepção vem ao abrir a caixa e encontrar apenas uma pequena azeitona no centro de uma pizza de muçarela de 'queijo prato', sem borda recheada e com uma massa tão dura que parece que só um serrote poderia cortá-la. Sinceramente, é uma pizza para se comer chorando, só que: de raiva.

Mas é tão prático e rápido tirar um 'print' de qualquer fotografia e colá-la na postagem da sua grande campanha publicitária virtual, que foi montada por aquele aplicativo famoso e depois compartilhada naquela outra rede social 'verde' com todos os seus amigos.

A fotografia foi editada para ter a luz ideal e o produto claramente definido, tornando-a a imagem perfeita para o cliente ou consumidor desejar adquirir o produto.

Ademais, no início de um pequeno negócio, geralmente não há um orçamento disponível para a contratação de um fotógrafo profissional ou de um publicitário.

E assim, cada pequeno empreendedor acredita que, com seu velho celular, detém o segredo que profissionais de publicidade e fotógrafos levaram anos estudando para capturar a foto perfeita de um hot-dog.

É perceptível que, sob a alegação de não estar preparado para se organizar, acabou por se apropriar do direito autoral de outra pessoa?

Está tudo bem! Mesmo sem dinheiro para investir, você deseja empreender e demonstrar que está cumprindo rigorosamente a regulamentação para sua empresa.

Afinal, registrar uma Microempresa e obter um CNPJ é apenas o começo; existem outros aspectos importantes no universo empresarial a serem considerados.

 

Todas as empresas globais começaram como um embrião chamado ideia.

Aí, você vai me perguntar:

Entendi! Você está sugerindo que eu devo contratar um advogado para atuar na minha microempresa? Ainda não obtive lucro. Tudo o que ganho fazendo coxinhas, organizando armários, lavando e passando roupas, entregando botijões de gás – seja lá qual for a área de negócios – ainda não gerou retorno. E agora você me diz que preciso contratar um fotógrafo, um publicitário, uma gráfica, um advogado, um contador, e assim por diante?

E eu te respondo: sim.

Se o seu desejo é expandir sua empresa, deverá seguir os caminhos estabelecidos e regulamentados como medida preventiva.

É comum que muitos empreendedores busquem aconselhamento jurídico somente quando um problema legal se agrava, resultando em uma ação judicial onde os custos tendem a ser mais elevados.

Hoje em dia, há profissionais e instituições como o SEBRAE, além de uma variedade de vídeos online, textos, livros e palestras, que oferecem serviços preventivos de assessoria, mentoria e consultoria para pequenos e médios empresários. É aconselhável que você se prepare para gerenciar sua empresa de maneira organizada e sistemática.

De acordo com o Sebrae, “no Brasil existem 6,4 milhões de estabelecimentos. Desse total, 99% são micro e pequenas empresas (MPE) ...

De acordo com o Portal do Empreendedor, no Brasil existem 3,7 milhões de MEI (dezembro/2013) ”.

As pequenas e microempresas estão sempre constituídas de forma centralizada no modelo de estrutura familiar, e, podemos até mesmo tê-la socialmente como um modelo de estrutura patriarcal.

“O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE desenvolveu em 2003 um amplo estudo sobre as principais características de gestão das MPE brasileiras, entre os principais achados estão:

I.      Baixo volume de capital empregado;

II.     Altas taxas de natalidade e mortalidade;

III. Presença significativa de proprietários, sócios e funcionários com laços familiares;

IV.     Grande centralização do poder decisório;

V. Não distinção da pessoa física do proprietário com a pessoa jurídica, inclusive em balanços contábeis;

VI.     Registros contábeis pouco adequados;

VII.   Contratação direta de mão-de-obra;

VIII. Baixo nível de terceirização;

IX. Baixo emprego de tecnologias sofisticadas;

X.      Baixo investimento em inovação tecnológica;

XI.     Dificuldade de acesso a financiamento de capital de giro;

XII.   Dificuldade de definição dos custos fixos;

XIII. Alto índice de sonegação fiscal;

XIV.   Contratação direta de mão-de-obra;

XV. Utilização intensa de mão-de-obra não qualificada ou sem qualificação.

Assim, é comum que o empreendedor pense que pode adicionar mais atividades à sua função na empresa.

Considerando o exemplo de um pintor residencial

Este profissional oferece seus serviços por meio de contatos pessoais. Frequentemente, não possui uma empresa estabelecida nem elabora contratos de serviço. É comum que seja auxiliado por um familiar na realização do trabalho. A figura do dono/pintor muitas vezes se mistura com a do contador, que não consegue organizar as finanças devido à falta de tempo e habilidade, levando a constantes dificuldades financeiras. Essa situação cria um ciclo de instabilidade econômica, empurrando o empreendedor para um abismo financeiro causado por dívidas e perdas significativas, consequência da ausência de planejamento e marketing eficaz para promover seus serviços.

No entanto, surge novamente a afirmação inicial seguida de uma questão desafiadora: "quem não é visto, não é lembrado". Como, então, meu produto ou serviço ganhará visibilidade se não disponho de recursos financeiros para promovê-los?

Aparecer é essencial. De fato, há diversas formas e métodos para criar um marketing caseiro eficaz, contanto que algumas regras sejam respeitadas.

O objetivo deste trabalho não é instruir sobre como postar fotos ou criar uma campanha publicitária para pessoas ou produtos. Buscamos apresentar e esclarecer conceitos jurídicos, de modo que empreendedores de pequeno e médio porte não sejam pegos de surpresa por cometerem infrações ao fazer suas publicações em meios de comunicação virtuais.

USANDO IMAGENS PEGAS NA INTERNET

Realmente, não existe nada mais gosto que viajar através das fotos postas nas redes sociais. Bem elaboradas, editas, fora de foco, selfs e tudo o mais podem elas nos passar informações seja através de um simples café da manhã em família até a venda e compra de um apartamento.

No Brasil, a Lei que rege os direitos autorais é a de número 9.610/98, que confere proteção moral e patrimonial aos autores de obras intelectuais.

Encontramos no artigo 7, da Lei n. 9.610/98 a definição daquilo que se está protegendo através da legislação brasileira, e, que muito nos interessa na fase inicial de gerirmos o próprio marketing ‘caseiro’, assim vejamos:

"Art. 7 São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como:

(...)

VII – as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia;"

O que isso quer dizer, então?

R. Isso significa que as fotografias são expressões artísticas criadas por alguém, seja um profissional ou não. O fotógrafo, a pessoa que focou e capturou a imagem, é considerado o autor da obra, do retrato ou da selfie.

Assim, é necessário obter a permissão do artista antes de copiar uma imagem específica para utilizá-la em outros projetos artísticos ou com fins comerciais.

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