A ORIGEM DAS FEIRAS

DO PASSADO AO PRESENTE: A EVOLUÇÃO DAS FEIRAS

Todos gostam de uma feira, seja ela uma feira livre, de automóveis, de jogos, ou até mesmo aquela pequena feira de artesanato. Falando em eventos desse tipo, acabei de recordar uma feira que permanece na minha memória afetiva desde a infância.

Minha mãe sempre praticou artesanato em casa desde que me lembro. Ocasionalmente, ela vendia algumas peças, mas a maioria delas era usada para decorar algum cômodo ou para armazenar alimentos na cozinha.

No entanto, sempre que íamos ao litoral, terminávamos na feirinha de artesanato que acontece em uma praça da cidade de São Vicente, Ali, passeávamos por todas as barraquinhas; algumas artesãs já conheciam-na, e ela se sentia realizada. Depois, atravessávamos a rua e nos encontrávamos bem no meio da Feira de Doces na Biquinha.

Uma variedade de doces de todas as cores e sabores.

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Bom demais! 

Assim como mantenho em minhas memórias os doces e locais da infância, você certamente deve se recordar de uma feira que ficou gravada na sua memória afetiva.

A JORNADA HISTÓRICA DAS FEIRAS ATÉ NOSSOS DIAS

Desde o seu surgimento, as feiras têm servido para a troca e venda de produtos, serviços, alimentos e animais.

Durante muitos anos houveram feiras para exporem seres humanos - homens, mulheres e crianças - para serem trocadas por outras mercadorias ou vendidas. 

Esses seres humanos eram tratados como mercadoria para o trabalho pesado, agrícola, ou doméstico e até mesmo para serem expostos em circos ou atividades explorativas que gerassem lucro fácil e constante para o explorador.

Não se sabe bem ao certo a época exata do surgimentos das feiras, mas estimasse que 500 a.C. elas já existiam, principalmente, entre os fenícios, gregos, romanos e árabes. Mas, foi durante os anos dos séculos XI e XIV, nas cidades medievais – denominadas de burgos que as feiras se tornaram centro grandes centros comerciais.

As cidades medievais  formar-se em torno dos feudos – grandes áreas de plantio onde a maior parte da população vivia no período da Alta idade Média. 

As vilas ao redor dos feudos começaram a acolher uma variedade de pessoas que não dependiam da agricultura para viver. Esse excedente de trabalhadores encontrou emprego em oficinas, construção civil, carpintarias, hospedarias e no comércio emergente, revitalizando o comércio e originando uma nova classe profissional que seriam os comerciantes e banqueiros.

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No final do século XIV, as cidades retornavam a ocupar um lugar no cenário econômico europeu, estabelecendo-se como um centro comercial para a troca de produtos e a condução de negócios de pequena e grande escala, envolvendo comerciantes de todas as regiões.

As feiras medievais proporcionavam um palco para eventos grandiosos que se estendiam por dias, atraindo artesãos, agricultores, servos, comerciantes e uma ampla gama de pessoas, devido às apresentações de diversos artistas.

Os eventos mais importantes, eram realizados nas cidades de Champagne , em território hoje, pertencente a França. E, a feira de Flandres, no território compreendido pela Bélgica

O termo "feira" vem do latim "feria", que significa dia santo, feriado ou dia de descanso – algo que um feirante moderno poderia contestar.

Associadas a eventos religiosos que atraíam milhares de fiéis às igrejas, as trocas de produtos, os folguedos, brincadeiras e disputas entre clãs, davam origem ao que hoje chamamos de networking.

No entanto, foi somente no século XVIII, com o advento da industrialização, que as feiras temáticas começaram a surgir, possibilitando a realização de diversos eventos para apresentação e divulgação de novos produtos nos setores da agricultura, comércio, saúde, lazer, literatura, arte, esporte, entre outros que a imaginação permitir.

Em Londres, em 1851, foi realizada a 1ª Feira para incentivar a produção industrial, já não se tratava mais de uma feira, mas sim, de uma exposição de vários produtos para o comércio e investimentos vultosos. 

Na segunda metade do século XIX, Paris na França e Dresden na Alemanha emergiram como grandes centros de negócios e comércio.

História nos mostra o nascimento, a dinâmica e a evolução desse mercado de feiras e exposição onde produtos e serviços precisam ser expostos e apresentados a um público interessado. 

As feiras, sendo grandes espaços organizados para a exposição de produtos, realização de trocas e venda de produtos e serviços, geraram um impacto econômico significativo no estilo de vida das vilas e feudos, contribuindo para uma transformação histórica na vida dos habitantes do Velho Mundo.

Os benefícios proporcionados pelas feiras foram percebidos por todos os moradores, especialmente no que diz respeito ao fortalecimento de uma nova classe de comerciantes. Estes reconheceram a oportunidade de estabelecer uma moeda de troca para a aquisição de produtos e serviços disponíveis nas feiras.

Esses comerciantes, organizados em guildas (associações que regulamentavam as atividades comerciais) promoviam o crescimento do comércio e a criação de novos empregos.

E para pagar tudo isso, cada vez mais, exigia-se uma moeda de troca para as mercadorias e serviços prestados.

Antes da invenção da moeda, as transações eram realizadas através do escambo, um processo considerado lento e pouco eficaz.

ESCAMBO

O escambo é uma atividade de troca - um sistema monetário, bastante rudimentar - que mais se parece com a permuta ou troca direta de produtos e serviços.

No Brasil, o escambo se popularizou durante o período de extração do pau-brasil.

Os colonizadores trocavam itens de menor valor, como espelhos e pentes, com os indígenas, que em retribuição cortavam e transportavam a madeira das árvores para serem vendidas pelos colonizadores em seus países de origem.

O sistema de troca direta, conhecido como escambo, continua sendo praticado em diversas partes do mundo atualmente.

Em Tóquio, no Japão, o escambo é frequentemente empregado como um meio de promover a economia e incentivar o consumo consciente. Ao trocar bens e serviços, as pessoas evitam o desperdício e ajudam a reduzir o impacto ambiental.

Aqui estão alguns exemplos de escambo em Tóquio:

- Uma pessoa pode trocar uma bicicleta usada por um sofá usado;

- Um artista troca um quadro por um serviço de jardinagem;

- Um restaurante troca refeições por produtos orgânicos;

- Uma loja de roupas troca roupas por descontos em compras futuras.

Realizar pagamentos por meio de escambo é extremamente vantajoso para o meio ambiente e para todos nós. Essa prática representa uma maneira de economizar dinheiro, obter novos itens sem consumir recursos naturais que podem ser poupados para as futuras gerações e para a preservação do planeta.

Lugares onde se pratica o Escambo em Tóquio: 

  • MERCADO DE PULGAS: Ameyoko, Nakamise-dori, Koenji Flea Market, Shimokitazawa Flea Market, Tokyo Hands Shinjuku;
  • FEIRAS DE ARTESANATO:  Koenji Handmade Market, Nakamise-dori Handmade Market, Shimokitazawa Handmade Market, Tokyo Hands Shinjuku;
  • EVENTOS ESPECIAIS: Tokyo Internacional Gift Show, Tokyo Hobby Show, Tokyo Game Show.

É essencial saber negociar com as partes envolvidas e estabelecer um acordo benéfico para que ambas se sintam confiantes e satisfeitas com a negociação.

Aqui estão algumas dicas fundamentais para realizar um bom escambo em Tóquio:

  • FAÇA UM BOA PESQUISA: Antes de ir para um evento de escambo, pesquise os itens que você está interessado em trocas, isso vai te ajudar muito na hora de negociar essa troca de produtos;
  • SEJA FLEXÍVEL: Não espere encontrar o item que você quer exatamente no primeiro lugar que o encontrar e nem vá com aquela certa de que a outra parte via querer trocar aquele item com o seu. Esteja aberto a negociação porque nem sempre o que você tem em mãos é que o outro quer aceitar nessa troca.
  • SEJA EDUCADO E AMIGÁVEL SEMPRE: Negociar escambo é uma oportunidade de conhecer novas pessoas e fazer amigos. Seja educado e amigável para criar uma boa impressão, e, lembre-se: negociar antes de tudo é a arte do convencimento.

Atualmente, o escambo tornou-se uma maneira divertida e interessante de fazer compras. Representa uma excelente estratégia para economizar e promover a sustentabilidade do planeta.

Mas, infelizmente, outros homens criaram a moeda, e a prática do escambo tornou-se a exceção.

ESCAMBO EM FEIRA: UMA IDEIA EMPREENDEDORA

Com o objetivo de inspirar o empreendedorismo, segue uma ideia para você organizar uma feira na sua comunidade.

Por exemplo:

Um comerciante de frutas pode permutar parte de seu estoque por pães de outro comerciante. Alternativamente, um cliente pode propor um serviço, como o reparo de um objeto, em troca de frutas.

O importante é que ambas as partes fiquem satisfeitas com a troca.

O escambo pode fomentar a economia circular e o consumo consciente.

Além disso, o escambo serve como um modelo econômico inclusivo, permitindo a troca de bens e serviços entre indivíduos que não têm dinheiro para realizar compras. O escambo pode contribuir para a diminuição das desigualdades sociais e econômicas.

Há diversas maneiras de implementar o escambo com ideias empreendedoras.

Uma ideia seria desenvolver uma plataforma online onde indivíduos possam se registrar para oferecer e trocar seus produtos e serviços.

Outra opção é organizar eventos presenciais que permitam às pessoas fazer trocas diretamente.

Ao adotar o sistema de escambo de maneira inovadora, empreendedores têm a oportunidade de contribuir para a criação de um mundo mais sustentável e equitativo.

Aqui estão algumas sugestões para implementar o escambo como um conceito empreendedor:

  • Defina um público-alvo: é importante definir um público-alvo para o seu negócio de escambo. Isso ajudará você a identificar os produtos e serviços que são mais adequados para esse público.
  • Promover seu negócio: É importante promover o seu negócio de escambo para que as pessoas saibam que ele existe. Você pode fazer isso através de marketing online, eventos e parcerias com outras empresas.
  • Ofereça um serviço de qualidade: É importante oferecer um serviço de qualidade para que as pessoas voltem a usar o seu negócio. Isso significa fornecer um bom atendimento ao cliente e garantir que as trocas sejam justas.

Pode parecer difícil, mas não é impossível. É só permitir que a imaginação flua e ter o desejo de transformar algo existente para melhor.

A MOEDA 

A noção de escambo é, de fato, mais atraente do que a de possuir dinheiro. No entanto, vivemos em um mundo impulsionado pelo poder de compra. Portanto, vamos explorar a importância histórica do dinheiro e o impacto que ele tem em nossas vidas.

A moeda, tal como a conhecemos hoje, originou-se na Lídia (hoje parte da Turquia) no século VII a.C., sendo cunhada em ouro e prata e tendo seu valor determinado pela pureza do metal.

 

Na Grécia Antiga, o boi, conhecido como pekus, servia de referência para as trocas comerciais antes da invenção das moedas.

Outro produto, muito mais fácil de ser transportado pelos comerciantes, era o sal, amplamente utilizado entre os povos romanos e etíopes como meio de pagamento por mercadorias.

Gradualmente, o metal estabeleceu-se como material para pagamento de produtos, eliminando a necessidade de encontrar um produto desejado por ambas as partes na troca.

As moedas facilitam o armazenamento de valor, já que podem ser facilmente guardadas e transportadas.

A criação da moeda representou um marco importante para a economia e a sociedade, pois facilitou o desenvolvimento do comércio e da indústria, além de ter sido fundamental para a formação do Estado.

Ao longo do tempo, as moedas foram cunhadas em diversos materiais, como bronze, cobre e ferro. Contudo, o papel se destacou como o material mais eficaz para representar o valor monetário.

As primeiras versões da moeda em papel surgiram no século VII, na China, chegando no Ocidente bem mais tarde.

Atualmente, as moedas são utilizadas em todos os países como um meio de troca essencial para economia moderna.

os principais tipos de moedas são:

- Moedas metálicas: feitas em metais preciosos ou não preciosos;

- Moedas de papel: papel impresso com um valor determinado, mais leves e fáceis de serem transportadas;

- Criptomoedas: as moedas digitais que utilizam a criptografia para garantir sua segurança. Essas são moedas mais recentes que poucas pessoas sabem exatamente como utilizá-las.

VOCÊ CONHECE A ORIGEM DAS PALAVRAS MOEDA E DINHEIRO?

Essas duas palavras tem origem no latim,

Dinheiro, vem da palavra 'denarius', que era uma pequena moeda de prata cunhada durante o período que denominado de Antiga República Romana. 

As moedas eram cunhadas no templo da deusa Juno Moneta, a deusa protetora dos recursos financeiros.

Acho que já deu para perceber que a palavra moeda, deriva do nome da deusa, Moneta.

A IMPORTÂNCIA DA MOEDA

A moeda é um meio de troca essencial para a economia com ela é permitido as pessoas, trocarem mercadorias e serviços com facilidade. 

Nas  economias mundiais a moeda é o principal mecanismo de troca, e é, através da utilização da moeda que transações financeiras e econômicas são realizadas todos os dias.

As moedas também são utilizadas como unidade de medida, já que sua função também é a de definir o preço de bens e serviços, expressos através de números. 

As moedas também servem como reserva de valor, por optar em guardar, acumulando e formando um patrimônio, para no futuro ser usada para a compra de alguma coisa.

A moeda é um dos instrumentos essenciais para o empreendedor feirante, já vimos que o outro instrumento seria o escambo, assim sendo, ambos, permitem ao empreendedor que venda seus produtos e serviços e receba o pagamento ou produtos em troca.

CONCLUSÃO

As primeiras feiras surgiram para a comercialização de produtos agrícolas entre pessoas de um mesmo povoado ou entre povos distantes.  As feiras foram se desenvolvendo outras modalidades de negócios e serviços, dando oportunidades ao surgimento de novas atividades econômicas e gerando empregos. 

As feiras também promovem o comércio local, incentivando as pessoas a comprarem os produtos e serviços regionais. 

No Brasil, as feiras livres são uma importante atividade econômica, movimentando bilhões de reais por ano. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o setor de feiras livres gera cerca de 2,5 milhões de empregos diretos e indiretos no país.

As feiras livres são uma importante fonte de renda para os agricultores familiares, que são responsáveis por grande parte da produção de alimentos no Brasil.

As feiras também são uma importante opção de compra para os consumidores, que podem encontrar produtos frescos e de qualidade a preços competitivos. 


A TÍTULO DE CURIOSIDADE

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) foi criado em 1965, pelo Decreto-lei n. 54.139, de 16 de junho de 1965. O MAPA foi resultado da fusão do Ministério da Agricultura e do Ministério da Pecuária.

O MAPA é um dos ministérios mais antigos do Brasil e é responsável por formular e executar políticas públicas para o setor agropecuário. O MAPA é responsável por uma série de atividades, incluindo:

- Promoção do desenvolvimento da agricultura, pecuária e abastecimento;

- Garantia da qualidade dos alimentos;

- Proteção da saúde animal e vegetal;

- Promoção da segurança alimentar.

O MAPA ainda está atuante o governo  Lula. O atual ministro da agricultura é Marcos Monte, que foi nomeado em 2 de janeiro de 2023.

O Mapa é um importante órgão do governo federal e desempenha um papel fundamental  no desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro. O MAPA é responsável por garantir a segurança alimentar promover do país e promover o crescimento econômico do setor agropecuário.


Agora que já conhecemos a origem daquela feira livre do seu bairro, vamos pensar em organizar uma feira temática para gerar renda e empregos?

Estarei te aguardando no próximo capítulo...


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