O EMPREENDEDOR E A ÁRVORE

 
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Ao observarmos a função social de uma cidade podemos perceber que sem as árvores, todo o restante, parece estar morrendo.

Construções, cimento, cinza, vermelho bloco, chão sujo, rio imundo, e lá no meio, mas bem lá no meio de uma avenida movimentadíssima, entre uma camada de espessa de asfalto resultante de um buraco na beira da via que formou-se devido ao impacto dos pneus dos carros pesados, tem um pequeno canteiro de terra com capim verde amarronzado de poeira levantada pelo vai e vem de carros e ônibus, e, entre esse ar de monóxido de carbono, existe um magricela e anêmica árvore que insistentemente quer viver e crescer. Seca, sem cascas, sem verde das folhas ela vai se esticando devagar e timidamente, pois talvez, num breve momento um desses gigantes e ferozes veículos a motor lhe arranque alguma parte do seu frágil corpo existe no espaço reduzido de alguns metros entre uma via e outra.

Quase que escrevi um poema sobre a existência de uma franzina arvorezinha no meio da cidade grande. Mas, é assim que elas ainda tentam sobreviver entre nós.

Estão erguendo mais um condomínio de casas para a classe média. Um desses luxuosos emaranhados de casas que serão pintadas com cores alegres (azul, amarelo, verde, vermelho, coral), terão uma pequena piscina com cascata e hidromassagem, quarto de empregada e edícula nos fundos, com supermercado, área de lazer, arruamentos com sarjetas e palmeiras desde a entrada até as saídas das lixeiras.  

Finvest.exame

Anos atrás, ao virarmos a curva da Estrada, entre as diversas construções de tijolos de barro da imensa propriedade rural, existiam várias árvores frondosas que cobriam o morro a perder de vistas. Recentemente, essas árvores foram derrubadas, assim que a área foi transformada em loteamento. Algumas, talvez umas 5 ou 6 tiveram a sorte de ainda estar em pé, mas, e as outras?

Não sei o que deve sentir uma árvore ao ser cerrada ao meio. Não sei se sente dor, medo, ou qualquer coisa até tombar ao chão, mas creio que toda a Natureza chora em plena agonia ao ter menos uma árvore sobre a terra.

Em pensar que existem tantas outras casas e apartamentos vazios esperando por um comprador ou um inquilino em bairros urbanizados da cidade nos leva a entender que a falta de políticas públicas, falta de fiscalização quanto os limites entre o espaço urbano e rural para ocupação humana, falta de ações públicas para inibir a especulação imobiliária, é gritante em vários municípios do país.

Bem, zelar pela mantença da vegetação natural numa cidade é Responsabilidade Social de todos os cidadãos.

Para ilustrar melhor a falta de ações no construtivismo de políticas públicas essenciais para desenvolver novos empreendimentos imobiliários e socorrer o meio ambiente, encontrei uma conversa virtual muito interessante entre: o Dr. Gilberto Natalini, ex-secretário do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo com o também ex-Secretário da Secretaria de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência da cidade de Salvador, na Bahia, André Fraga. Ambos debateram o assunto sobre a falta de planejamento urbano das duas capitais e, demonstraram a necessidade de se ter um planejamento urbano urgente e emergente para a adaptação dessas cidades históricas que se ergueram de forma semelhante, ou seja, de acordo com os interesses econômicos, sociais e culturais de cada época e em cada gestão política sucessiva que resultou num adensamento das massas de forma desigual no espaço urbano dessas Capitais.

Planejar uma nova cidade para se adaptar ao conceito de Cidade Inovadora é fácil, mas, transformar a realidade das que já se encontram em pé é um desafio que deve ser entendido por toda a sociedade. E, o empreendedor tem o dever de buscar esse entendimento através da realidade de seu bairro.

Agradeço imensamente a Lucianda Feldman, membro do Grupo Luluzinhas e Bolinhas trabalham em casa, que, nos cedeu as imagens dessa conversa virtual. Também agradecemos ao Dr. Gilberto Natalini e ao Vereador André

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