QUERENDO O PODER

 “O homem é por natureza um animal político, tem primeiro na família sua socialização e garantia da manutenção da vida em seus aspectos financeiros e educativos, mas é na Polis que se realiza plenamente, encontrando no fiel cumprimento das leis a justiça, dado que só podemos ser feliz no exercício da justa medida, ou seja, sendo prudentes e encontrando o meio termo em nossas ações”
                                               Aristóteles
SOMOS TODOS ANIMAIS POLITICOS
Sabemos ser impossível um homem viver isolado de outros homens, a não ser por um caso fortuito ou motivo de força maior, situações extremas onde temporariamente algumas pessoas acabam isoladas, mas, realmente, existir um homem que consiga em tempos atuais manter-se totalmente alheio a uma sociedade é uma situação singular. O leitor poderá remeter-se aos casos daqueles que por escolha e vocação religiosa preferem a vida solitária.
Recentemente, a fotógrafa russa Danila Tkatchenko registrou o cotidiano de algumas pessoas que vivem isoladas, numa série denominada ‘Escape”, obra que ganhou o prêmio “World Press Photo Contest 2014”, onde ela demonstra através de imagens a realidade de pessoas que simplesmente a sociedade não esta adaptada para o modo de vida escolhido por elas.
Também existem os eremitas religiosos que passam as suas vidas em oração, rejeitando a riqueza, não são propriamente homens ou mulheres seguidores de uma determinada religião, mas, sim abdicadores da vida em comum para seguir um chamado espiritual. O intento maior é manter-se em comunhão com o Sagrado.
Essas pessoas não estão muito distantes de nós ou das cidades, atualmente, ocupam os centros urbanos em profundo isolamento social. A grande maioria ultrapassa os 50 anos, e, vivem despidos de qualquer luxo ou vaidade. Vivendo apenas para o seu chamado interior e para a oração, a meditação e a leitura espiritual.
Bem, antes fosse o nosso debate sobre a religião e a oração praticada por um homem espiritualizado e evoluído que em busca do bem maior: a caridade; deixa de conviver com os desafios diários e dá a sua vida para salvar e proteger a humanidade das forças do mau que interagem com os vícios humanos para flagelar a humanidade através da oração.
Buscamos neste texto, tratar dos homens em sociedade, justamente a onde existem os conflitos, os debates fervorosos, a cobiça, a ganância, os vícios, um jogo em busca de poder e dominação.
Vamos falar do mundo mundano onde vivem pessoas comuns em busca do poder.
Não estranhe o fato de citarmos com tamanha veemência a palavra ‘poder’, pois que, embora a nossa Constituição Federal em seu artigo 1º, parágrafo único diz que: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, o poder é algo muito mais cobiçado e devastador, por ele, homens levaram inocentes à morte, destruíram culturas milenares, dizimaram povoamentos e outras religiões, queimaram milhões de mulheres, homens e gays em fogueiras, fizeram povos escravos e arrastam outros tantos as guerras violentas. Pelo poder adquirido através do pleito, atualmente estamos passando pela maior crise econômica e social de nossa história. A ditadura do poder através do voto parece ter se instaurado em nosso país, acreditamos ser esta mais avassaladora que a ditadura que perdurou de 1964 a 1985 em nosso país, a ditadura que se veste de democracia e tende a fazer com que o investido no cargo público eletivo acredite deter o ‘poder absoluto’.
“Poder (do latim potere) é a capacidade de deliberar arbitrariamente, agir e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, o império.”[1]
O poder fascina e deslumbra até mesmo os homens mais virtuosos quem dirá: dos menos preparados para exercer cargos eletivos?
Homens e mulheres objetivam tais cargos públicos, entretanto, estão os mesmos carregados por vícios de uma cultura de dominação ideológica e econômica herdada de um Brasil coronelista. Embora, as manifestações públicas dos últimos anos tenham feito valer os princípios constitucionais para assegurar os direitos fundamentais da soberania, da cidadania, da dignidade da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e do pluralismo político, encontramos entre os pretensos candidatos a cargos públicos originários do voto, a falta de ética política, uma desmedida ambição pelo poder econômico e social, uma vontade pessoal de impor-se sobre os demais cidadãos e uma voraz concorrência desleal.
Acreditam alguns que ao conquistar um mandato passarão a dispor da força que a palavra autoridade lhes confere para deliberar, agir ou mandar de acordo com a sua vontade, e, quase sempre deixando em segundo plano os interesses daqueles que lhes conferiram tal mandato.
Tradicionalmente, o poder da autoridade política esta relacionada ao poder de mando e a obediência inquestionável dos cidadãos, que pouco podem fazer para mudar essa situação.
E dessa forma temos que “O poder se expressa nas diversas relações sociais, e onde existem relações de poder, existe política, e a política se expressa nas diversas formas de poder.”[2]
A palavra política vem da palavra grega ‘politikós’, na realidade, uma derivação da palavra, também de origem grega, ‘polis’, que significa aquilo que é público. “Polis’, significa cidade, também em grego.
As cidades da antiga Grécia deram origem ao conceito de cidades tal qual a conhecemos hoje com sua organização geopolítica das relações de poder político e econômico.
Como podemos perceber o conceito de fazer política surge nas relações sociais mantidas dentro de espaços geográficos em que haja nas relações humanas e na forma de organização e hierarquia tanto cultural, religiosa e econômica desses indivíduos agrupados nesses espaços que tanto podem ser urbanos e/ou rurais desde que, o elemento homem, esteja atuando.
A intenção de fazer política, somente existe quando há um interesse comum entre as pessoas que direta ou indiretamente interagem nesse espaço geográfico.
Melhor seria que nesses espaços geográficos todos os indivíduos fossem de uma mesma etnia e cultura, entretanto, essa realidade não é possível diante dos inúmeros conflitos ao longo da historia das civilizações gerados pela desmedida vontade de se obter o poder através das vantagens sócio e econômica derivadas das conquistas de novos territórios e de seu povo.
Esse espaço geográfico corresponde ao espaço construído pelas atividades humanas e pela sociedade, e é nele que o homem atua sobre o meio natural através da construção de valores e regras hierárquicas jurídicas.
Através da ocupação do homem do espaço geográfico constitui-se o estado político que aos poucos delimita a sua territorialidade e seu povo.
“A partir do século XVII, sobretudo com a paz de Westphalia(1648), o dinamismo das nacionalidades da Europa Ocidental passou a exaltar o território como suporte do soberano do Estado. Esse é o momento em que se cristalizam os conflitos entre as emergente nações europeias pela definição de territórios compactos e contínuos, suscitando debates sobre as demarcações de fronteiras. O território aparece como a base física de unificação para aquele que governa o Estado. Dois aparatos foram mobilizados para essa unificação e reconhecimento: um interno, centrado nas relações entre Estado e sociedade civil – objeto de preocupação da ciência política – e outro externo fundado nas relações interestatais – assunto para a disciplina das relações internacionais(TAYLOR; FLINT, 2002)[3]
Criado o Estado, com seu território geográfico constituído, com seu povo e seu governo, temos por fim a entidade jurídica, administrativa e política para que os interessados disputem os cargos eletivos.



[1] HTTPS://pt.wikipedia.org/wiki/Poder. consultado em 23.05.2018.
[3] CATAIA, Marcio Antonio.  Território político: fundamento e fundação do Estado. Sociedade & Natureza,   Uberlândia, 23(1): 115-125, abr.2011, p.117. WWW.seer.ufu.br/indez.php/sociedadenatureza/article/viewFile/11531/pdf_37  consultado em 25.05.2018.

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