LEVE SEU TRABALHO PARA CASA
Nada mais é que: o deslocamento de pessoas dentro de
um mesmo espaço urbano, motivadas por interesses econômicos, sociais, culturais
e pessoais.
As pessoas se deslocam de um lugar para o outro
através dos vários equipamentos de transportes que podem ser movido por
combustão ou por propulsão. Ocorrendo essa movimentação durante o dia ou à
noite. Diariamente ou intermitentemente.
Esse deslocamento em algumas cidades será mais
fluído, enquanto em outras, quase impossível existir rapidez, qualidade e uma
infraestrutura que atenda toda a demanda e necessidade dos munícipes, isso tudo
sempre irá depender do interesse de seus gestores públicos em promover a
melhoria dos equipamentos urbanos para atender melhor a população.
Desenvolvimento urbano e consequentemente de sua mobilidade depende,
infelizmente, de agentes políticos eficientes.
Em alguns países a mobilidade urbana serve de inspiração para outros países, que oferecem transporte público de qualidade para incentivar a população a deixar de utilizar o transporte individual dentro da garagem de sua casa. Os gestores políticos também promovem atividades educativas e informativas para estimular a diminuição de veículos particulares pelas vias de acesso urbano e assim, utilizarem os vários modais disponíveis, inclusive as ciclovias e ciclo faixas.
Infelizmente, em algumas cidades, os gestores
públicos, ainda alardeiam essas obras como se fossem ‘presentes’ de sua gestão
para a população, promovem festas, e, discursos infindáveis de autopromoção
esquecendo-se por completo que sua função é a de executar as obrigações legais
fornecidas por uma intensa e bem organizada legislação administrativa que
garantem e protegem a promoção do bem-estar social.
Nas cidades brasileiras, os equipamentos e modais públicos
não acompanharam o crescimento das cidades. Também as ações derivadas da
execução das políticas públicas desenvolvidas para os centros urbanos não
prestigiaram a fomentação e implantação de modais modernos e sustentáveis,
prevalecendo a utilização do convencional modelo de transporte público do início
do século passado, o transporte público através do tradicional ‘ônibus
coletivo’ lotado e sucateado.
Ligar assim, o centro urbano aos bairros periféricos
- tornou-se ainda mais: problemático – pois, além dos municípios priorizarem um
único tipo de modal (ônibus), mantem possuem um zoneamento de segregação por
segmentos econômicos, levando as industriais para pontos isolados e com uma
logística que sequer beneficia os bairros residenciais que ficam distantes
também das áreas comerciais do município, o que provoca um deslocamento desordenado
de pessoas e veículos aleatoriamente pelos diferentes e distantes polos
produtivos da cidade, isolando ou até mesmo anulando a existência de algumas
comunidades constituídas em localidades mais vulneráveis que acabam por se
tornar áreas de risco de um município, gerando falta de segurança para a
população que ali reside, já que nessas comunidades falta de tudo: saneamento
básico, postos de saúde, iluminação pública, e demais equipamentos urbanos,
principalmente a integração entre os modais.
Sem equipamento urbano, sem estrutura para a troca de modais mantendo descentralizadas as plataformas de embarque e desembarque entre os modais, a rotina do transporte é cansativa e demorada, uma tarefa diária que prejudica a vida social e a saúde dos trabalhadores.
A Constituição Federal brasileira diz que a
segurança viária compreende determinadas atitudes que entre elas “assegurem ao
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente” (artigo 144, parágrafo 10,
inciso II). Entretanto, para algumas municipalidades, essa noção de garantir a
segurança viária do cidadão está longe de ser essencial, pois, mais evidente
está a preocupação em atender as prioridades das concessionárias de transporte,
e, menos as necessidades dos passageiros, principalmente, ao interligar os
bairros periféricos com os centros urbanos. Quanto mais distante for o bairro,
mais difícil a prestação de serviços públicos em questão de transporte.
Quanto mais complicada a organização da mobilidade urbana
dentro de um território municipal, mais congestionamentos nas principais vias
públicas teremos, principalmente, em cidades históricas a onde existem ruas
estreitas piorando ainda mais o fluxo dos veículos automotores, em especial, os
coletivos, pois que, não há espaço físico para uma faixa de corredor específico
para esses modais. Todos esses fatores, acabam provocando a exaustão do
trabalhador que diariamente se vê obrigado a transcorrer certo trajeto em horas
intermináveis.
O tempo e as condições em que ocorrem o deslocamento
das pessoas dentro de uma cidade impactam muito na qualidade de vida dessa
população aumentando a necessidade de se oferecer um serviço no setor da saúde,
outro ponto que em muitas cidades é bastante precário e ineficiente.
“Cerca de 1,6 milhão de brasileiros ficaram em estado grave em decorrência de acidentes de trânsito na última década”.
Os acidentes de transito implicam num custo anual de
1%, 2% a 3% do Produto Interno Bruto – PIB nos países em desenvolvimento.
“Nos EUA, uma análise da Administração da Segurança do Transito nos Estados nacionais, concluiu que os principais custos em decorrência de acidentes de trânsito, correspondem ao dano de propriedade (33%), perda de produtividade no trabalho (29%), despesas médicas (10%), e perda de produtividade no lar (8%), (CDC,1993).
Melhorar a malha urbana entre os centros e os
bairros permite uma mobilidade urbana saudável aos moradores da periferia que
precisam manter o ritmo de trabalho presencial. Ou, a ampliação de atividades
econômicas que possam manter o trabalhador na periferia dos municípios, e, isso
poderá ser desenvolvido através do empreendedorismo, do turismo rural, do
agronegócio, do tele trabalho nas relações de trabalho contratual.
Algo, que alguns municípios sentiram com o
agravamento da pandemia e a pratica do home office, desemprego e workhome foi o
deslocamento que as pessoas fizeram dos grandes centros para áreas mais
afastadas ou o retorno de muitas famílias para sua cidade natal.
Durante o ano de 2020, o mercado imobiliário viu
crescer com a procura de imóveis com área maiores com jardins e quintais.
Algumas famílias acabaram por desistir da vida nas cidades maiores e procuraram
por imóveis em cidades distantes desses centros urbanos. Fosse em virtude do
alto grau de contagio pela doença ou pela necessidade de espaços maiores para o
confinamento enquanto trabalhavam em casa.
A procura desse novo imóvel com área maior
obedeceria novos critérios quanto a avaliação, que deveria atender a
necessidade de ser próximo a mercados, farmácias, lazer e uma infraestrutura
que atendesse as necessidades do novo morador que buscou um imóvel para
trabalhar e residir. Esse novo proprietário possui necessidades diferentes daquele
que adquire imóveis em área de expansão urbana.
Investir em imóveis corresponde, de acordo com o
presidente da Abrainc, Luiz Antônio França, em entrevista à Radio Jovem Pan , o mercado de imóveis entre 2009 e 2019, a ter um rendimento igual a Selic.
O setor imobiliário, passa por transformação motivada pelos novos modelos de trabalho que surgem com a Revolução 4.0. O trabalho está a onde o trabalhador ou o prestador de serviços estiver, então, podemos considerar que esse novo modelo de produção também irá impactar diretamente sobre o conceito de lar que tínhamos no sentido de ser o ambiente familiar ou de relaxamento, para um novo sentido, o de pertencimento, pois o “lar”, a partir dessa transformação das relações trabalhistas, passou a estar inserido na rotina de trabalho, e, o trabalho não pertence mais ao empregador, mais a coletividade, e, portanto, as possibilidades de escolhas para a sociedade. Isso requer um novo desafio para as políticas públicas tanto para o desenvolvimento urbanístico, quanto para as novas propostas para as relações trabalhistas, pois exige mais em relação ao desenvolvimento pessoal, autoconhecimento, autocuidado e inteligência emocional do trabalhador e do empregador.
Com a mudança de hábitos trabalhistas, a Quarta
Revolução, trouxe para o trabalhador a necessidade de olhar mais para si mesmo,
e valorizar a sua pessoa e a sua qualificação de mão-de-obra, tornando a
relação de trabalho mais humana.
O operador do tele trabalho busca uma residência em bairros mais tranquilos, regiões arborizadas, com ar fresco, com espaço para escritório, de três a quatro dormitórios, jardins e quintais para crianças e animais, piscina, área para academia, praças, parques e ciclovias próximas. Sim, são imóveis mais requintados.
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