2022- UMA GERAÇÃO SEM EMPREGOS

O número de jovens desempregados pelo mundo pode chegar a 73 milhões, segundo o relatório sobre empregabilidade de jovens chamado Global Employment Trends for Youth 2022.

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Em breves palavras: uma geração de jovens sem perspectiva de futuro, excluídos do mercado de trabalho e da vida social, uma situação de saúde pública e econômica cada vez preocupante nos centros urbanos, periferia e zonas rurais do município.

Uma ordem social em formação sem a força ideológica que levava jovens às ruas em busca de mudanças em outros tempos. Com toda a certeza esse afastamento dos jovens das atividades culturais, do mercado de trabalho, e da vida social provocará sérios prejuízos ao futuro de toda a sociedade.

O VAZIO DE UMA ÉRA

Uma parcela da população de jovens e adolescentes, em regra entre os 15 e 34 anos, nunca tiveram um emprego, enquanto que outra metade de jovens, nessa mesma faixa etária, perderam seus empregos nos últimos anos, e não conseguem voltar ao mercado de trabalho, seja pela falta de qualificação profissional para ocupar uma vaga numa empresa, ou pelas inúmeras exigências criadas por empresas para um jovem em início de carreira, e ainda, por questões pessoais que acabam impedindo esse retorno ao mercado. O que se sabe é que, quanto mais tempo, um jovem permanecer afastado do mercado de trabalho mais difícil fica o seu retorno.

Um jovem sem qualificação profissional, sem emprego ou atividade econômica, resulta num cidadão apático, distante dos debates políticos, sociais e culturais de uma sociedade. Uma geração de cidadãos que deixam de opinar e passam a aceitar o que a sociedade impõe sem questionamentos.

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Esse afastamento e isolamento social afeta diretamente a autoestima de um jovem, principalmente, nos primeiros anos de sua adolescência, já que nessa fase ocorrem muitas transformações no corpo e na mente. Aceitar que seu corpo está mudando já é complicado para muitos jovens. Em muitos momentos o medo da rejeição, afinal de contas, alguns meninos chamam mais atenção ao desenvolverem seus corpos, enquanto que outros sequer são notados, ou, algumas meninas levam mais tempo para ter um corpo mais atraente. Por fim, corpo e mente estão em profunda transformação e numa verdadeira bagunça dentro e fora de um jovem.

Para alguns jovens essa fase de transformação é mais tensa, pois que, além das transformações provenientes dos hormônios em seu corpo, existem as transformações exigidas pela sociedade e de seus familiares.

Pais, mães e responsáveis também são transformados pelas transições de fase em suas vidas. De repente, o filho que acompanhava o pai em todos os jogos, deixa de permanecer na sala e está trancado no quarto sozinho ou jogando vídeo game com os outros colegas. A menina deixa de se maquiar igual a mãe e passa a se vestir como as outras meninas da escola. Tudo isso somado as regras da sociedade que impõe aos jovens a devida preparação para o vestibular aumentando a carga horário para os estudos. É nesse momento que as ideias se misturam e muitos jovens desistem da escola.

Esses fatores internos e externos podem levar os jovens a ter depressão ou ansiedade nessa fase da ‘crise existencial’ de todo o ser humano.


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No Japão, essa situação de baixo autoestima entre as gerações de jovens do pós II Guerra Mundial acabou sendo recepcionada em seus tradicionais animes, após um aumento dos números de suicídios entre os jovens.

Embora o Japão com alto índice de desenvolvimento, tecnologias avançadas, baixa criminalidade, após três décadas de estagnação econômica e a pressão imposta aos jovens sendo muito alta, fatores que passaram a interferir diretamente nas relações sociais de alguns jovens, que, se isolam em seus quartos deixando de interagir com outros jovens da mesma idade e até mesmo com seus familiares.

Atualmente, os índices de suicídios no Japão estão em torno de 30 mortes para cada 100 mil habitantes. No ano de 2014, mais de 25 mil pessoas cometeram suicídio, uma média de 70 pessoas por dia, a maioria de pessoas que tiraram a própria vida, são homens. No Japão, o suicídio é visto como forma de responsabilizar-se por atos pessoais, e, por isso o alto índice de mortes de pessoas do sexo masculino, por, assumirem a responsabilidade financeira e o fracasso profissional.

Outro fator que estimulada a prática de atentarem contra a própria vida está na situação em que muitas pessoas – da sociedade moderno – vivem hoje: sozinhas. Pessoas que vivem isolados e abandonados socialmente, até mesmo por parentes. Mas, ainda mais alarmante são os casos de suicídios de homens entre 20 a 40 anos que, por questão financeira, ceifaram as próprias vidas num ato de desespero.

O número de suicídio entre os jovens japoneses cresceu drasticamente, após a crise financeira asiática de 1998, aumentando em 2008, com a crise financeira mundial e se acentuou durante a crise sanitária provocada pelo Covid-19.

Em 2021, foi criado pelo governo japonês, o Ministério da Solidão, uma pasta voltada para tentar amenizar essa grave crise de saúde mental associada a depressão e à crise sanitária derivada do Covid-19.

Nos anos que sucedeu as primeiras manifestações do vírus cerca de 21.919 pessoas se suicidaram no país, dos quais 479 eram estudantes e 6.976 mulheres, um dos dados mais preocupantes observados no país.

A proposta do Ministério é de trabalhar em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Regional, para enfrentar as também as baixas taxas de natalidade.

CAMPO VAZIO

Também naquele país, o campo vem perdendo sua atratividade para os agricultores jovens, e, muitas propriedades rurais encontram-se abandonadas. Normalmente, essas casas são distantes dos centros urbanos, e, muitas delas foram habitadas por idosos sem filhos ou, que os mesmos não possuem interesse em voltar a residir nas áreas rurais das cidades.

Desde 1990, existe um sistema criado, pelo governo japonês, chamado de banco da casa vazia ou bancos akiya, que possibilita o retorno de familiares de agricultores, ou de pessoas que queiram encontrar uma casa maior em áreas próximas a natureza e, bem mais baratas para comprar. Em alguns lugares, mais remotos ou dependendo do histórico do imóvel, o interessado apenas paga os impostos e taxas e, realiza a mudança para sua casa quase ‘grátis’.


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Um programa estatal, que também oferece oportunidade para pessoas de outros países possam adquirir imóveis vazios no território japonês, passando a residir nessas regiões abandonas pelos japoneses é o programa 'Settlement Advisors' 

O mais surpreendente é que para o ano de 2033, o Japão terá cerca de mais de 20 milhões de novos imóveis abandonados entre cidades e campo.

Estranho, não é mesmo?

O campo oferece tantas oportunidades para gerar renda e as pessoas fogem dele alegando ficarem isoladas no meio do mato, entretanto, passam a viver isoladas na selva de pedra. O ser humano é muito intrigante mesmo.

Retornando aos jovens e a falta de política pública para gerar oportunidade ocupacional para os mesmos.

No Reino Unido em 2018, durante o governo de Theresa May, foi instituído uma Secretaria de Estado para lutar contra a solidão.

Ainda no Japão, de acordo como Instituto de Investigação Mizuho, existe a previsão de que em 2040, cerca de 40% dos lares japoneses serão habitados por apenas uma pessoa. Em questão de emprego, estima-se que quase 40% dos jovens japoneses estão fora do mercado de trabalho e, o isolamento, a falta de perspectiva para um futuro promissor numa carreira que sequer começa, agrega a uma cultura de evitar expor sentimentos como raiva e frustração, encontram na morte a sua única forma de expressar suas angustias.

Outro fator que aumenta os números de jovens isolados é a tecnologia, uma condição conhecida como hikikomori – um tipo de isolamento social grave.

Hikikomori é um transtorno mental marcado pelo isolamento sócia grave, físico e interpessoal, que dura ao menos seis meses. Fenômeno que se tornou caso de saúde pública na Ásia, durante a décadas de 1990.

Solidão, exílio voluntário, tendo o quarto como seu cárcere, horas em frente ao computador, amigos virtuais, pornografia, procrastinação e falta de ocupação, seja trabalho ou estudo, são efeitos da rotina do isolamento e sintomas do transtorno de Hikikomori.

Diante de uma situação tão alarmante envolvendo a saúde mental de sua população, o governo japonês decidiu não ser passivo e, através do Ministério da Solidão, passou a criar campanhas e ações de políticas públicas voltadas aos cuidados com a saúde mental e prevenção do suicídio. Também está criando programas para cuidar das pessoas que vivem sozinhas.

Uma pesquisa feita na Grã-Bretanha em meados de 2010, apontava que os jovens se sentiam mais solitários do que os adultos com mais de 55 anos. A pesquisa apontava que a tecnologia acentuava o isolamento dessa geração de jovens – naquela época nem tínhamos tamanho acesso aos inúmeros aplicativos de conversas eletrônicas.

No Brasil também houve um aumento de suicídios cometidos por jovens, um problema de saúde pública que precisa ser controlado começando por medidas de apoio aos jovens e campanhas educativas para familiares, professores e jovens, ensinando a população a identificar os primeiros sinais de alerta.

MEDIDAS PREVENTIVAS PODEM AJUDAR A SALVAR VIDAS

Pessoas que tentam tirar a própria vida, são mais sensíveis ao mundo externo, e problemas com relacionamentos, violência doméstica, falta de trabalho, sentimento de rejeição, sofrimento por assédio moral, assédio sexual, agressões físicas e psicológicas, falta de autonomia, álcool, drogas, conflito em torno da identidade sexual, intimidação, problemas de saúde quanto a ser portador de necessidades especiais - física ou mental são alguns dos fatores que tornam pessoas susceptíveis ao suicídio.

Outros fatores como a depressão, o estresse e a ansiedade podem desencadear no individuo a necessidade de isolar-se, e, com o tempo o surgimento de pensamentos negativos que culminam na vontade de tirar a própria vida como medida de por fim ao desespero que sentem no momento mais crucial de uma crise.

CRISE ECONÔMICA INFLUENCIA O AUMENTO DAS TAXAS DE SUÍCIDIO

Quando um evento externo mobiliza uma população inteira, como ocorre com as crises econômicas, guerras, pandemia, a fome, a seca, entre outros fatores, nosso emocional é impactado direta ou indiretamente, e somos testados todos os dias em como lidar com esses problemas externos que afetam diretamente a nossa vida pessoal.

Algumas pessoas conseguem entrar e sair de uma crise financeira, profissional, de saúde, de fim de relacionamento, etc., fortalecidas ou amadurecidas, outras, não conseguem resistir à pressão.

Foxford RU

Um estudo publicado em 2013 pelo British Medical Journal estimava que quase 4.900 suicídios foram cometidos a mais do que o esperado no ano de 2009, meses depois da crise econômica global de 2008, em 54 países, a maioria deles concentrados na Europa. Entre as pessoas que perderam suas vidas, estavam os homens desempregados entre 45 e 64 anos

Outro estudo de 2016, realizado pela Organização Mundial de Saúde, apontava que cerca de 80% dos suicídios provinham de nações de renda baixa e média. Em lugares mais remotos, foram notados um acentuado índice de suicídios, entretanto, estão mais escondidos, ou melhor, são os números de vítimas invisíveis de uma sociedade que não quer ver a solidão dos jovens, dos idosos, dos mais frágeis, dos esquecidos.

As pessoas que cometem suicídio são em maioria aquelas que não se permitem mostrar sentimentos, acreditam em poder sair de crises tanto financeira, quanto emocional sozinhas. Em algumas situações essa resistência a identificar o problema e pedir ajuda deriva das crenças sociais, culturais e questões morais relacionadas à culpa pelo fracasso e o medo de ser cobrado pela sociedade.


CANAIS IMPORTANTES

Centro de Valorização à Vida - CVV

Pode Falar

O Suicídio nem sempre está na cara

Comentários

josiane de abreu disse…
https://youtu.be/6kose-DtHfc
josiane de abreu disse…
https://youtu.be/6kose-DtHfc